domingo, 21 de dezembro de 2014

Mulheres livres

Socorro... e tem gente, até mulher, defendendo o discurso do Bolsonaro!!!

Minha gente, vocês realmente concordam que existem mulheres que devem ser estupradas (que podem inclusive ser você, sua mãe, filha) ou essa postura tem a ver com sua oposição ao governo??? Para mim me parece que uma coisa está atrelada à outra...

De todo modo preciso frisar: vejam bem o tipo de sociedade que vocês andam almejando construir com esse tipo de posicionamento. Também quero outro modelo, mesmo. Mas definitivamente meu ideal não é esse em que um homem, representante do povo, pode assumir publicamente uma fala de violência contra a mulher e ainda ser aplaudido. Vamos continuar nossas lutas com base em valores éticos!!!! A violência contra a mulher não pode ter voz no Congresso. Não trata-se de desviar-se de outros assuntos que acontecem nesse espaço, pelo contrário, trata-se de falar do tipo de sociedade que queremos construir, é um posicionamento essencialmente político.

Tem gente o defendendo que ele fez a ofensa à colega "no calo do momento", mas basta uma pequena pesquisa para ver que todos os posicionamentos dele são nessa direção. Ele fala explicitamente, por exemplo, que estimula a contratação de homens para o mercado de trabalho porque eles não dão prejuízo com a licença maternidade. Anos luz de distância de entender que até mesmo a licença paterna precisa ser ampliada como em muitos países referências. Assim, quando ele diz que "não vai estuprar a fulana (aqui não importa quem seja, porque poderia ser qualquer uma de nós) porque fulana não merece" e as pessoas o defendem alegando que ele apenas quis ofendê-la de feia preciso frisar também: uma mulher que é estuprada é violentada e não elogiada!!! E vice versa: uma mulher que não é estuprada, é respeitada e não ofendida!!!

O perigo é que falas ameaçadoras como essas ('eu só não te estupro porque....') revelam o verdadeiro pensamento que está por trás: o homem com o poder de estuprar ou não caso seja sua vontade ou caso a 'mulher mereça' como a responsável por esse crime seja porque é bonita ou porque é oferecida, dessa forma duplamente vítima. Isso é muito sério!!!

Milhares de mulheres são estupradas por ano, e nenhuma delas mereceu. Isso sem falar nas milhares de mulheres que não denunciaram esse crime, seja por medo, falta de informação e até mesmo culpa. Sim, culpa, porque acreditaram nesse tipo de discurso de que tem mulheres que merecem, e sofrem caladas uma vida inteira. Porque esse é o tipo de crime que marca corpo e alma!!! Difícil livrar-se dele, principalmente quando o agressor é conhecido.

O crime de estupro não é da mulher, mas sim de quem comete o estupro, e quando a sociedade aceita esse tipo de crime, isto é, de que existem mulheres que 'merecem' ser estupradas, por exemplo, ela torna-se também responsável por ser conivente com essa ideia. Para tal não ocorrer mais, e quando raramente ocorrer ser devidamente punido, precisamos avancar em nossas ideias e ações que nem de longe são a castração como sugere a lei que Bolsonaro defende. Socorro se tem gente que acha que essa é a nossa única saída. Existem muitos outros jeitos de nos tornarmos uma sociedade saudável que se respeita - a começar com posicionamentos frente a comentários machistas e retrógrados.

Nossa sociedade já avançou muito, as mulheres fizeram uma das revoluções sociais mais rápidas da história. Louvável. Ainda assim os desafios continuam... Há muito o que se conquistar em termos de respeito e igualdade de direitos para vivermos numa sociedade que liberte as mulheres e os homens (esses também crescem aprisionados nesse modelo).



 
 
Porque são piadinhas e ironias como essas que revelam os pensamentos preconceituosos que ainda nos habitam... Mas vamos correr para nos livrarmos deles, nos transformando e nos respeitando.Tenho fé num outro mundo, principalmente porque sou cercada de crianças livres como 'Armandinho', e tenho esperança de que possamos todos viver numa sociedade igualmente livre.

Segue um vídeo precioso... http://www.eldiario.es/micromachismos/pasado_6_355274505.html

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